ai que cabeça a minha, não foi ele, foi aquele senhor do banco de portugal


Ora vivam! Aproveitem esta estreia. Pela primeira vez, e se calhar a última, vou reproduzir na íntegra um artigo do jornal digital dos escribas do neoliberalismo vigente, o Observador. 

"Passou-se da moleirinha", dirão vocês de minha pessoa, ai pois dirão. Não exultem, ainda tenho os alqueires na medida certa, nem muitos, nem muito poucos. É que a notícia, apesar de ser de Agosto de 2014, é daquelas que os tablóides reputariam de sensacional. Trata de Cavaco e de quem financiou a campanha eleitoral de 2006 que o levou, direito, direitinho, direitíssimo, até ao púlpito de Belém, à grande belenzada, com música de cavaquinhos, Avé Marias e a família Silva, avós, filhos e netos, de mãos dadas e de sorriso triunfal todos eles, miúdos, graúdos e o mais graúdo de todos e por acaso da Nação também, subindo altaneiros a rampa que os conduziria, direitos, direitinhos, direitíssimos, ao Pátio dos Bichos. Altura em que fomos entregues à bicharada, mas isso é lixarada que não vem à colação agora, a gente sabe que há escutas, operações de vigilância e outras manigâncias disciplinadoras do letal reviralho.

Bingo! Os principais benfeitores foram aqueles donos daquele banco que, já a estrebuchar, a soltar o estrépito-mestre com colossal ímpeto, passe a redundância, era publicitado por Sua Excelência como sendo da mais inteira confiança (ai, onde tenho eu a cabeça?, pois se não foi ele mas o Costa do Banco de Portugal quem proferiu tais aleivosias que induziram o povoléu em erro, lá vou ter que apertar o cilício!).

Por enquanto, não se sabe - haveremos de sabê-lo algum dia? - quem lhe financiou a última campanha, a da reeleição, pois dá-se o caso dos portugueses serem ou masoquistas ou coisa pior. 

Cá vai então. Silencie a família, sente-se compungido e leia em voz sofrida. O caso merece leitura em dó sustenido à laia de marcha fúnebre:

Cinco membros da família Espírito Santo e três administradores do Grupo financiaram a campanha de Cavaco Silva para as eleições que o elegeram Presidente da República, em 2006, noticia esta quinta-feira o Diário de Notícias. De acordo com as contas das campanhas dessas eleições, que o jornal consultou junto do Tribunal Constitucional, no total, chegaram à campanha do candidato apoiado pelo PSD mais de 152 mil euros vindos do universo BES. O que representa 7% do total do financiamento obtido.

Ricardo Salgado doou na altura o valor máximo então permitido por lei – 22.482 euros -, e o mesmo fizeram António Ricciardi e José Manuel Fernando Espírito Santo. A estes juntaram-se donativos de outros membros do ‘núcleo duro’ da família, como José Maria Ricciardi, presidente do BESI, que financiou a campanha de Cavaco Silva com 15 mil euros.

Banqueiros como João Rendeiro, então líder do BPP, Horácio Roque, na altura líder do Banif, e Paulo Teixeira Pinto, do BCP, também contribuíram para o financiamento da campanha cavaquista, com 22.482, 20 mil e 5 mil euros, respetivamente. E outros, diz o DN, deram dinheiro às duas campanhas – de Cavaco e de Soares. Foram os casos dos banqueiros Jardim Gonçalves e José Oliveira e Costa, então presidente do BPN.

Família de ‘Zé Grande’ doa 55 mil euros a Cavaco


José Guilherme, o construtor conhecido por Zé Grande envolvido no processo Monte Branco, que terá dado 14 milhões de euros como ‘prenda’ a Ricardo Salgado, também deu importantes contributos à campanha do atual Presidente. No total, o construtor da Amadora e a sua família doaram àquela campanha 55 mil euros, sendo que do bolso direto de José Guilherme saíram precisamente 20 mil euros. No nome da sua mulher foram doados, precisamente no mesmo dia, outros 20 mil. E cerca de 10 dias depois foi a vez dos dois filhos do casal, José e Paulo, doarem cada um a generosa quantia de 15 mil euros.

Paulo Guilherme, recorde-se, é um dos acionistas de referência da Caixa Económica Montepio Geral – o banco comercial do grupo mutualista Montepio, que tem estado a ser alvo de uma auditoria forense a pedido do Banco de Portugal para apurar o nível de exposição que o banco tem ao GES.


Mais empresários do lado de Cavaco do que de Soares

Mas o financiamento à campanha de Cavaco não foi feito só pela banca. Grandes empresários de vários ramos também tiveram um papel significativo nesta matéria. Américo Amorim, João Pereira Coutinho, Dionísio Pestana, António Mota (Mota-Engil), Manuel Fino (SDC Investimentos), Manuel Violas (Solverde) ou Nuno Vasconcelos (Ongoing) foram alguns nomes que fizeram da campanha de Cavaco a mais financiada por empresários naquele ano.

E se é certo que a campanha de Cavaco teve um forte apoio da banca e liderou nos apoios dos empresários, a do candidato socialista Mário Soares também não foi esquecida. Francisco Murteira Nabo, presidente não executivo da Galp e Jorge Armindo, presidente da Amorim Turismo, contribuíram cada um com 10 mil euros; Rui Nabeiro, da Delta, e Ilídio Pinho contribuíram com a quantia máxima, e o empresário de Macau Stanley Ho também doou 20 mil euros a Soares, e outros 20 mil a Cavaco.

Pedro Queiroz Pereira, da Semapa, Carlos Monjardindo e Miguel Pais do Amaral também foram importantes financiadores da campanha socialista.

Por outro lado, as campanhas de Manuel Alegre, Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa e Garcia Pereira não receberam donativos da banca nem dos grandes empresários do país.

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