a imperatriz no boudoir

 

Pronto, chegou-lhe a mostarda ao nariz, está com maus fígados, com os azeites, azedada, avinagrada, pior que estragada.  Sua alteza a imperatriz da Europa não aceita receber Alexis Tsipras em audiência. Súbditos recalcitrantes, insurrectos, que torcem o nariz à sua indiscutível superioridade, que questionam as suas ordens de soberana atoleimada não podem ser acolhidos nos seus salões a não ser, quanto muito, para os varrer ou esvaziar as escarradeiras. Alexis acha que é independente, que dirige uma nação livre. Puro logro. Alexis não é mais do que um insecto que a monarca esmagará entre dois dedinhos de querubim reconchudo. Alexis não passa de erva daninha que arrancará pela raiz. Um tumor maligno que extrairá com um só golpe de baioneta.

Por fortuna, sua augusta majestade ainda pode contar com serviçais submissos. Daqueles para quem as portas do Bundeskanzleramt estão sempre escancaradas. A esses recebe-os no seu boudoir, entre o frufru das sedas e o zunzum das açafatas. Nada a deleita mais, à sereníssima Führer, do que as genuflexões e os salamaleques desses curvados vassalos. A sua bajulação. As juras de lealdade eterna.

Para alguma coisa hão-de servir as escarradeiras.

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