vozes de angola e outros pasquins

Gosto de jornais. Gostava de jornais. Até nos meus dias de ganapo tinha jornais para ler, fosse o Diário de Lisboa (como eu gostava de ler o Castrim!) ou o República, apetecíveis em tempos de ditadura. Contava os tostões, os poucos que tinha, para me dar a esse prazer (com a mania de andar pelas ruas a ler cheguei, uma vez, a partir a cabeça contra um candeeiro. O malandro tinha conluio com Salazar, era de certezinha absoluta adepto do obscurantismo).

Quarenta anos depois de Abril, nesta depauperada democracia em que vegetamos e penamos sem culpa formada, já não há jornais, há jornalecos e há pasquins. Nos últimos anos, ainda me agarrei ao "i" como náufrago a tábua de salvação. Não pela imparcialidade da informação, igual à de todos os outros, mas pelo leque de colunistas que lia com prazer e com quem aprendia a perceber o mundo: Nuno Ramos de Almeida, Ana Sá Lopes, Fernando Dacosta, Tomás Vasques, Constança Cunha e Sá, Fernanda Mestrinho. De todos estes, e de outros que não vou inventariar agora para não dar tratos de polé à pobre memória quase tão velha e tão veneranda como Américo Tomás, só restam, salvo erro ou omissão, Nuno Ramos de Almeida e Ana Sá Lopes, embora esta tendo perdido a sua coluna de opinião.

E o "i", agora angolano tal como o Correio da Manhã ou o Sol, especializou-se nos últimos tempos em Sócrates e nas habituais fugas de informação que permitem propagar a ideia de que ele é culpado de todos os males do País, da crise, da "bancarrota", das falcatruas e do diabo a quatro.

Ainda bem que há blogs e redes sociais. Separando o trigo do joio, entre atoardas, mentiras, exageros, boatos, consigo chegar à verdade que todos os jornais, todos sem excepção, escondem ou manipulam.


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