chamem-me antes carpideira

Porque não partilho do regozijo da direita (e, vá lá, de uma certa esquerda) com a prisão de Sócrates, porque tenho mais medo da reeleição de Passos Coelho do que de contrair uma doença maligna que me leve desta para pior, porque se Felícia Cabrita, O Sol, O Correio da Manhã andam metidos na estrangeirinha eu salto fora para não ser conspurcado pelos salpicos de imundícia, porque não me armo em juiz de meia-tigela, como tantos outros, e não arrasto Sócrates até ao pelourinho para o açoitar na praça pública, porque as malas com dinheiro, as escutas, o luxo de Paris e o mais que se conta por aí me fazem lembrar um filme policial de terceira categoria, porque a humilhação a que Sócrates foi sujeito me parece encenação maldosa, porque ainda não foi julgado, tenho-me manifestado contra a maledicência e o deleite dos canalhas, a favor de uma Justiça com menos circo e menos fuga de "informações", que investigue, apresente provas e, depois, condene se for caso disso. 

Porque assim é, porque não atiro a minha pazada para a cova de Sócrates, até já me chamaram uma das viúvas de Sócrates. Assim, sem tirar nem pôr.

Podem-me antes chamar carpideira? É mais castiço, gosto mais.

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