futebol em marcha


Ontem foi dia de marchas populares e de futebol, muito futebol. Primeiro a festa de abertura que, disse-se e repetiu-se com orgulho pátrio, foi organizada por uma empresa de Leiria (não vi, não sei se esteve à altura de outros eventos do género), depois o jogo Brasil-Croácia, depois os comentadores nos canais de informação a perorar sobre os méritos e deméritos de cada equipa, cada jogador, depois os repórteres nos canais generalistas a mostrarem a cozinha da Selecção, os fãs da Selecção, a Selecção em repouso, a Selecção em treinos, tudo pela Selecção, nada contra a Selecção, o futebol é o nosso melhor narcótico, com ele esquecemos as aberrações dos abencerragens que nos tomam por tolos, por gentalha de segunda ou de terceira, canalha que se deixa enganar e gamar porque tem um olho nas marchas, o outro nos deuses do estádio, os meninos dos milhões, os astros de multidões.

Ao que parece, o governo vai anunciar novas medidas de austeridade (Que digo eu? Novos roubos é que é!) no dia em que os lusos heróis jogarão contra os patrícios de Merkel. Como quem não quer a coisa, assim de mansinho para ninguém dar por isso porque outros valores, mais altos, se levantam. E aqueles que, por nada deste mundo, marcharão pela Avenida em sinal de protesto, encherão ruas e praças em histerias e júbilos por cada golo que Portugal marcar, por cada ponto que Portugal avançar, por Marvila se Marvila ganhar, pelo Alto do Pina se for do Alto do Pina a vitória marchista que a marxista, essa, estiolou há muito.

Não nos podemos queixar. Temos pão, temos circo, marchamos alegremente para o cadafalso. Que siga a marcha! E o Carnaval.

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