mais uns passos contra passos

O Rossio é lindo, a calçada do Combro castiça, o Parlamento magnífico. Quanto mais não seja por isso, descalce as tamanquinhas, calce uns sapatos confortáveis, traga um guarda-chuva para o que der e vier, afine a voz e vá-se a eles que nem gato a bofe. Ficar em casa é desistir. É agachar-se. É perder a guerra. Sei que ganhá-la é difícil, tem o poder do dinheiro contra si. Sei que Passos é o lídimo representante dos mercados, o provedor da injustiça, o Miguel de Vasconcelos dos tempos modernos, o regente nomeado pelas forças de ocupação, o demente que nos leva à loucura. Sei que as quadrilhas que o sustentam são fortes, alimentam-se da mentira, da rapacidade, da extorsão, do desprezo pela vida humana, do sangue, suor e lágrimas das suas vítimas. Sei-o e você sabe-o também. Por isso é tão importante combatê-los, ao Passos e ao Portas, à Albuquerque e ao Silva de Belém que, à sorrelfa, lhes vai dando uma mãozinha, sempre com um olho no burro e outro no cigano para ficar de bem com deus e com o diabo. É importante enfrentá-los, afrontá-los, a eles e a tudo o que representam: o capitalismo selvático, a ladroagem engravatada, a abjecção feita normalidade, o lado sórdido da política, a má rês doutorada, emplumada, de garra afiada. A desumana humanidade. Se quiser, fique em casa, vá ao cinema, ao centro comercial, aos gambozinos, à fava enquanto a ervilha não enche. Mas, depois, não se queixe. Não se queixe que anda a ser vítima de salteadores. Afinal de contas,  foi um dos que lhes abriu a porta. E insiste em mantê-la escancarada. Vai-se a ver, até já deitou a chave fora.


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