um escândalo, uma afronta, uma vergonha, um pesadelo


Naquela gigantesca manobra publicitária que teve lugar na Assembleia da República este fim de semana, com os deputados da chamada maioria a abanar a cabecita em sinal de assentimento e os ministros a palrar banalidades para as atentas, veneradoras e obrigadas televisões, Passos Coelho ameaçou refundar o acordo com a troika, seja lá o que isto queira dizer. Mas anunciou também, e é aqui que mora o perigo, querer fazer uma reforma profunda do Estado até 2014.

Esta gente tem que ser corrida antes disso, porque o que Passos Coelho quer, deixe-se lá de rodeios e diga ao que vem de uma vez por todas, é destruir o Estado Social. Não há dinheiro para a Saúde, a Educação, as prestações sociais. Mas há para a banca. Mas há para as negociatas à volta do Estado. Mas há para as reformas milionárias, os automóveis de luxo, os ordenados chorudos. Acusam-nos, a nós que não cessamos de falar disto e de muitos outros desperdícios e assaltos desapiedados à bolsa dos contribuintes, de populismo, de ignorância. Nisso não estão sós. O PS alinha no jogo, sabe que tem rabos de palha e culpas no cartório. Mas façam lá as contas, e depois digam-me, se o dinheiro que se poupasse em fundações, em PPP's, em consultas jurídicas, em reformas e ordenados, no combate à corrupção e à evasão fiscal, em automóveis e outros faustos, não daria para muito, para não cortar, por exemplo, as pensões e subsídios dos velhos e dos mais frágeis da sociedade, a última vergonha de um governo escandalosamente devotado à protecção dos mais ricos, coitados, que estão a passar por tantas dificuldades.

Isto não pode continuar. Façamos manifestações "inorgânicas", como as apelida, com desdém, Jerónimo de Sousa. Boicotemos a acção deste governo por todos os meios ao nosso alcance, aqueles que a imaginação e os limites da legalidade nos permitirem. Estamos perante o mais grave, o mais despudorado ataque às conquistas civilizacionais de décadas. Passos Coelho tem que cair. É uma vergonha, uma afronta, um escândalo a que Cavaco Silva, quer goste quer não, tem dado cobertura. E o PC, o BE e até mesmo o PS têm que estar do mesmo lado, sem divisões, sem pruridos partidários. Este não é um momento qualquer. É um tempo à beira da tragédia.

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