passemos-lhes a certidão de óbito

A Alemanha está a provocar, perante a passividade dos seus parceiros, como aconteceu no passado, a terceira grande tragédia europeia em menos de 100 anos. A Europa desmorona-se, o euro esfrangalha-se, a miséria e a fome não são já uma mera ameaça, martirizam diariamente os povos do Sul, os novos judeus do IV Reich. Os tempos são excepcionais, excepcionalmente dramáticos. Enquanto isso, os nossos políticos não aprenderam nada com os erros do passado e com os perigos do presente. Mais ainda, não perceberam os sinais que o povo, nas ruas, lhes está a dar: que querem outra democracia, outros políticos, outra forma de fazer política, um ansejo comum a gente de esquerda ou de direita. Os políticos no governo, esses, persistem em resolver a crise com austeridade em cima de austeridade, surdos aos avisos de que, assim, não só empobrecem os portugueses (como eles querem) mas destroem, também, todo o tecido económico do País. Nem mesmo o "arrependimento" do FMI, que já pronunciou o seu mea culpa sobre o erro das medidas por ele impostas, faz Passos e os seus algozes aproveitar a "deixa" para arrepiar caminho, provocando uma profunda divisão no seio dos próprios partidos da coligação, onde cada vez mais vozes se levantam alertando para a abjecção contra-revolucionária em curso, um autêntico PREC de sinal contrário. No parlamento, os deputados entretêm-se com jogos florais entre eles, esgrimindo acusações e insultos, fugindo-lhes, não poucas vezes, o pé para o chinelo, mas sem qualquer tipo de didactismo, de discussão séria e construtiva dos problemas e das possíveis soluções. No PS, coitados, ainda não perceberam a gravidade do momento que estamos a viver, e o holocausto iminente, enleando-se numa abstenção feroz e numa oposição "responsável" que, irresponsavelmente, contribui para atirar o país para o atoleiro. A CGTP, ignorando o grande evento cultural, e de protesto contra a troika e o governo, que se realiza no próximo sábado na Praça de Espanha, convoca os portugueses descontentes para uma manifestação também em Lisboa, à mesma hora, prosseguindo, ela e o PCP, os seus velhos métodos de divisão e de falta de humildade democrática num tempo em que toda a gente de esquerda, toda sem excepção, e até de outros quadrantes políticos, deveria estar unida num mesmo objectivo: derrubar o governo e promover a salvação do País, enquanto ainda há algo para salvar. Quanto ao presidente da República, quem votou nele que se arrependa, e arrependa amargamente. Não vou acrescentar mais de quem tanto se tem falado nos últimos anos e, valha a verdade, raramente bem.  Finalmente, como último exemplo de que os políticos não têm percebido nada do que se está a passar, vejo pela televisão excertos da campanha eleitoral nos Açores e pasmo com Berta Cabral, a candidata a presidente regional pelo PSD, prometendo esganiçadamente a criação de milhares de empregos, trazendo-me à memória o malogrado Sócrates, o terceiro primeiro-ministro a fugir de Portugal quando a coisa azedou. E, ou muito me engano, ou o candidato PS não agirá de forma diferente, recorrerá à mesma demagogia e às mesmas promessas com que têm logrado enganar os portugueses ao longo de décadas. Não, não aprenderam nada. Cegos ou estúpidos, passemos-lhes um atestado de incompetência e desonestidade, pelo menos intelectual. Ou, melhor ainda, uma certidão de óbito. Das cinzas, assim o espero, renascerá um povo mais avisado, menos ingénuo, mais combativo, como aliás já o está a mostrar, e políticos a quem se exigirá o cumprimento de uma só missão: servir Portugal e os portugueses.

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