o peso do estado, passo a passos

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Passos é exímio no abandono de projectos, de não os levar até ao fim, isto sem falar dos que ficam arruinados às suas mãos, como é o caso de Portugal, onde nos está a arrastar para a catástrofe sem que ninguém o detenha. Ainda e só como Presidente do PSD, o único cargo mais ou menos público que devia ter tido sem que, daí, viesse algum mal ao mundo e aos portugueses (ainda que a gente não saiba o que Sócrates andaria a fazer por cá se estivesse vivo, politicamente falando), Passos propôs, com desusado afinco e convicção plena, alterações à Constituição. Alterações que depressa caíram em saco roto e no esquecimento. É assim que age, com nos casos mais recentes da TSU e do IMI, propostas que avança e deixa cair como se fossem coisas de somenos, caprichos de menino mimado, mal estudadas, mal planeadas, a ver se pega, sem prever as suas consequências devastadoras nem isso lhe tirar o sono. Mas, justiça lhe seja feita, há um projecto que Passos não tem abandonado, que alvitrava enquanto apenas e só presidente do PSD (lugar onde devia ter ficado em regime de exclusividade) e em que insiste enquanto primeiro-ministro de opereta num país que quer de ópera-bufa. Passos tem um sonho para Portugal: libertá-lo do peso do Estado. "Menos Estado, Melhor Estado", era o seu slogan de há tempos que nos devia ter alertado para o que por aí vinha. Mas menos Estado, e melhor Estado, significa para Passos o peso do Estado Social, por isso tudo tem feito para exterminar, erradicar de vez do Estado o terrível peso da saúde, da educação, da solidariedade social para com os mais desfavorecidos. Porque há outro Estado, o Estado que dá de comer a grandes escritórios de advocacia, grandes consórcios, fundações da treta, antigos políticos alardeando um nível de vida incompatível com os seus méritos e merecimentos. E no peso desse Estado, pavorosamente gordo, não se pode nem deve mexer: é ele que põe a economia a funcionar, a dos amigos, coniventes, compagnons de route, os que pensam como ele e com ele estão solidários, irmanados dos mesmos ideais: esgotar os cofres do Estado para obras de estadão, ordenados de estadão, cambalachos, falcatruas e conivências de toda a ordem. Porque Passos, sabe-se agora, adivinhava-se há muito apesar da imagem de impoluto que os seus gabinetes de comunicação e de marketing fizeram passar, que venderam como se vende champô ou preservativos de sabor a chocolate, Passos também comeu à mesa do orçamento, através de projectos criados à sua medida por amigalhaços alijados no governo da altura, entre eles o sempiterno e sempre presente Miguel Relvas. Espero que muito mais se venha a saber sobre os projectos de Pedro e Miguel, projectos construídos à conta do Estado, à sombra do Estado. Nada conheço de jurisprudência, não sei se o caso Tecnoforma se deve enquadrar nos meandros da ilegalidade ou, igualmente grave, da imoralidade. E, no meio deste apocalipse que criaram no país, com ou sem Tecnoforma, não percebo como é que esta gente ainda não foi corrida por indecente e má figura. Mal ou bem, a cada um a sua opinião, liderou Mário Soares o movimento contra o PREC, contra Vasco Gonçalves e os "totalitarismos". Agora, que assistimos a um PREC de sinal contrário, que devasta o país e aniquila os portugueses, Seguro refugia-se na sua benevolente oposição responsável. Mas Portugal, e os portugueses, precisam de muito mais, agora e já, do que de abstenção violenta. O povo já não se abstém, como se tem visto nas ruas. Daí à violência será um passo de que Passos, e Seguro também, serão responsabilizados. E não o PCP, como Passos insinuou em mais um dos seus, muitos, momentos de ignomínia.

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