desobediência civil

Por Fernando Dacosta

Com a bonomia que lhe é peculiar, António Capucho avisou: “Se sobrar algum dinheiro às pessoas, elas pagarão os impostos. Mas como não vai sobrar, não pagarão. Entrarão em desobediência civil.”

A desobediência civil está já a observar-se em vários sectores. Entupidos, os tribunais que o digam; paranóico, o fisco que o comprove. O país desiste de o ser. Um vento suicida crispa os portugueses, povo de propensões ora para a desistência (inacção), ora para o delírio (anarquia). Os que (julgam) governar-nos não percebem sequer que o português é ardiloso (“manhoso”, na caracterização de Agostinho da Silva), oculta o que pensa, gosta de ludibriar, de subverter.

Veja-se: os estabelecimentos comerciais voltam a não passar, com a conivência do público, facturas; a fuga aos impostos torna-se comportamento de resistência, de vingança. Boiamos hoje em águas de um neofeudalismo terrorista.

“O cio autoritário dos psicopatas no poder traz sede de sangue no bico”, alertava Natália Correia. “Parta-se-lhe, pois, o bico!” De tal modo a política seguida é aberrante que o FMI viu-se obrigado a sublinhar que “a austeridade deve ter um ritmo suportável”. A ser imposto, o aumento do IMI vai rebentar com o eleitorado (sobretudo) do PSD e do CDS e a seguir com o governo. O desprezo por ele tornou-se irreversível. Isso revela-se, aliás, o aspecto mais crítico do Estado, cuja autoridade está a ficar em ruínas – tal como a democracia.

O pus do regime escorre por todos os poros.

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