a cassete mudou de dono


Noutros tempos, ficou famosa a acusação ao PCP de que dizia sempre a mesma coisa, que usava sempre a mesma cassete. Mas, pelos vistos, o PSD/CDS é que comprou uma cassete que, coitados, talvez tesos pela crise e pelas suas dádivas a obras de caridade (elas são tantas), não cessam de pôr a tocar. No Parlamento, nas televisões, por todo o lado, os dirigentes e deputados do PSD/CDS não largam a dita: que, se estão a fazer o que fazem, as atrocidades que praticam, é porque o PS deixou o país à beira da bancarrota e eles aqui estão, quais cristos redentores, para nos salvar. Que o PS é que assinou o memorando da troika, como se o PSD e o CDS, os inocentes sem sombra de pecado, não o tivessem assinado também, com o maior dos prazeres aliás, gabando-se depois de irem mais longe do que a troika no roubo aos portugueses.

Por muitas culpas que o PS tenha, e tem, sejam honestos de uma vez por todas e ejectem a cassete que já enjoa de tanto a ouvir: quem, em grande parte, obrigou o PS a aceitar a entrada da troika foram o PSD e o CDS com os seus golpes palacianos e a sua sede de poder, mais os mercados e a sua gula por dinheiro, mais a Merkel e a sua ânsia de domínio imperial, mais o Durão e outras abencerragens europeias que, a bem dizer, não mandam nem saem lá de cima, aos assentos etéreos onde subiram sem saber ler nem escrever. Pior ainda, Passos faz o que faz com muito gosto, este é o seu momento de orgasmo político. É este o projecto que ele tem para o País, o do empobrecimento, o da descida de salários, o de menos Estado, melhor Estado (menos para os comparsas do costume, os que vivem e enriquecem à conta do Estado em fundações, parcerias, empresas públicas, assessorias, consultorias e demais aleivosias). 

Como tal, meus senhores e minhas senhoras, tirem a cassete e deitem-na fora de uma vez por todas. Tanta hipocrisia chateia. Digam ao que vêm. Digam que se estão nas tintas para a larga maioria dos portugueses e que apenas querem salvar, do naufrágio, os mais ricos dos ricos. Houve há dias alguém que lembrou, e com toda a razão, que quando o Titanic afundou, nem os mais ricos escaparam. O icebergue já está perto. Não é uma ameaça. É uma certeza.  E, nessa altura, não haverá bote que os salve.

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