são bento da porta aberta


Andamos, há décadas, a ser mal governados. Fundações, estradas, pontes, centros culturais, parcerias público-privadas, rotundas, frotas automóveis dignas de um rei do Bahrein, ordenados obscenamente milionários, corrupção ao mais alto nível, ladroeira do mais baixo nível, tudo, tudo serviu para usar o dinheiro que nos ia chegando, e o dos nossos impostos, para tudo menos para o progresso do País e o bem-estar dos portugueses.

E, agora, de quem é a culpa?

Do cidadão comum, pois está claro. Nossa, muito nossa, exclusivamente nossa. Porque andámos a viver acima das nossas possibilidades. Os nossos rendimentos continuam a ser dos mais baixos da Europa. Mas a culpa é nossa. Pagamos impostos elevadíssimos para aquilo que o Estado nos dá em troca. Mas a culpa é nossa. E, depois, ainda há aqueles que - pasme-se! - ficam desempregados e exigem subsídio de desemprego. E ainda há os velhos que reclamam por lhes estarem a roubar nas suas reformas, já de si miseráveis. E ainda há os doentes que se queixam de não terem acesso à saúde. E ainda há os alunos que se queixam de não poderem continuar os estudos.

Povo ingrato. Que só sabe exigir e nada dá em troca. Como se o Estado fosse uma instituição de beneficência, os ministros umas irmãzinhas da caridade e a residência oficial do primeiro-ministro um São Bentinho da Porta Aberta.

Vão trabalhar, malandros!

Mitt Romney tem razão. Isabel Jonet tem razão. Cavaco Silva tem razão. E, agora, Miguel Macedo tem toda a razão. Andam eles, as formigas, a esforçar-se até ao limite das suas forças por um bando de cigarras que não faz nem deixa fazer, não trabalha nem deixa trabalhar. O que é preciso é dar-lhes um safanão a tempo, às cigarras. Esmifrá-los, sugá-los, extorquir-lhes o que ainda lhes resta. E, depois, obrigá-los a ir trabalhar por uma côdea de pão, uma malga de sopa, uma esmola, porque Romney, Jonet, Cavaco, Macedo, são beneméritos, umas almas generosas, deles e só deles será o reino dos céus. A nós, resta-nos a vala comum. Onde enterramos as esperanças, os sonhos, as moderadas ambições de uma vida melhor para nós, um futuro mais promissor para os nossos filhos.

Ninguém nos mandou ser perdulários. Ou otários.

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