que se lixe a taça


Leonor Beleza recebeu hoje na Fundação Champalimaud, para almoçar, os jogadores da selecção portuguesa de futebol. E, pouco depois, Cavaco recebeu-os no Palácio de Belém, debitando mais um dos seus imortais discursos e mendigando, aos jogadores, uma vitória que traga alegria aos portugueses.

Devo confessar que, não sendo um adepto de futebol, desde sempre acompanhei a selecção nacional em jogos internacionais, vibrando com as suas vitórias.

Desta vez, não. O momento é grave demais para festas e alienação. Que perca ou ganhe, tanto se me dá como se me deu. Estou mais solidário com o desempregado da fotografia do que com os ases da bola. Estou mais esperançado na derrota de Passos Coelho do que na vitória de Ronaldo. Em vez de uma bandeira à janela, um qualquer pano preto seria melhor, mais adequado para assinalar o tempo presente.

Alegria maior para os portugueses, se os portugueses se preocupassem tanto com as suas próprias vidas como se preocupam com o futebol, seria este governo cair, a austeridade acabar, a democracia funcionar. Mas, como também hoje disse ufano um deputado do CDS, Portugal não é a Grécia, aqui não há contestação, gostamos de levar pontapés, é o que é, e assim o governo está livre para tomar as medidas que muito bem entender a favor do grande capital, dos grandes patrões, dos grandes barões partidários, senhores de secretas e bancos secretos. A bem da nação. Nação onde não existimos, que não é a nossa, é a deles. Nós somos apenas carne para canhão, mão-de-obra que se quer cada vez mais barata, escravos encapotados, seres menores e descartáveis. De usar e deitar fora.

Não, não, não. Desta vez, não vou à bola. Que se lixe a taça. O meu campeonato é outro.

Comentários

titas disse…
muito bem!
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