o preço da impunidade

Por Daniel Oliveira

Junte-se Madeira e JSD e sabemos que o resultado só pode ser uma má comédia para adolescentes. José Pedro Pereira é um "afilhado" de Alberto João Jardim. E sendo seu "afilhado", segue escrupulosamente as pisadas do "padrinho". Só que a ordinarice, imagem de marca do PSD local e do presidente regional, extravasa, no caso do rapaz, a vida política. Com vários processos à perna, o deputado regional é acusado de vandalismo, por ter urinado num carro da PSP. Um caso raríssimo de tentativa de punição legal de um quadro local do PSD. Talvez seja esta a fronteira que o desbragamento da vida política medeirense tolera.

O estilo dos jotinhas de Jardim também se sente na relação com a oposição. Recentemente, o secretário-geral-adjunto da JSD-Madeira, André Candelária, demitiu-se porque não gostou, ao que parece, de ver o seu nome num "comunicado" da juventude partidária. A coisa era sobre o líder da JS local. E, com o título "Ai, Ai, Burrito!", podiam ler-se pérolas literárias como esta: "O débil mental da tentativa falhada de Juventude Partidária, mais uma vez, na sua paixão não correspondida pelo líder da JSD Madeira, procurou, e à falta de ideias em prol da Juventude da Madeira e Porto Santo, fazer propaganda pessoal às custas do grande trabalho da JSD Madeira e do seu líder." Ou esta: "A JSD Madeira quer ainda deixar o seu muito OBRIGADO ao "Burrito" Orlando, pois sem este a Juventude da Madeira e Porto Santo não fazia sentido. Essa mesma juventude que já há muito tempo pediu a independência dos seus débeis e desgraçados contributos para esta terra."

Tudo isto deveria ser indiferente. Indigno de se referir, a não ser, talvez, na porta de uma casa de banho de um liceu. Acontece que estes senhores são deputados e o lider da jota demissionário até promete voltar, quando for crescidinho, para liderar o governo regional. Acontece que a degradante vida política madeirense não nasceu do nada. Nasceu da impunidade que a República garante, há décadas, a este deprimente "elite" local. Nasceu de uma cultura antidemocrática que o presidente regional alimenta e as instituições do país toleram.

Estes comportamentos não são o retrato dos madeirenses, que não são nem melhores nem piores do que o restantes portugueses. É o acontece à política quando as regras democráticas são esquecidas e nos convencemos que basta haver eleições para que se viva em democracia. 

Não se enganem. Há, no parlamento nacional, alguns senhores do calibre deste rapaz. A diferença é, apesar de tudo, que as instituições democráticas, mesmo que em serviços mínimos, ainda funcionam. Quando passarmos definitivamente a aceitar que as regras democráticas e a ética política (não aldrabar o Parlamento em matéria factual, por exemplo) são um luxo que a crise torna irrelevantes, todo o país será finalmente uma enorme Madeira.Já esteve mais longe.

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