o cerco aperta-se (actualizado)

Ainda há coisa de meia-hora, reproduzi no facebook um artigo de João Lemos Esteves critico a Relvas. O artigo foi entretanto retirado. Mas o cerco a Relvas aperta-se, e quem diz a Relvas diz a Passos Coelho que, não querendo perder o seu "braço direito", vai perder a cabeça, metê-la no garrote.

Eis, por exemplo, uma notícia publicada agora na Visão online e que, prometem, será amanhã desenvolvida na versão em papel:

Pelo sim pelo não, não vá o link ser desactivado por qualquer acidente técnico - "ou assim" - aqui fica o texto completo:

Ex-empresa de Relvas sob suspeita

A Finertec, empresa que Miguel Relvas administrou, até maio do ano passado, foi investigada na "Operação Furacão"

Por Paulo Pena e Ricardo Fonseca

A VISÃO apurou que a Finertec foi investigada no âmbito da Operação Furacão, na sequência de suspeitas de fraude e evasão fiscal. 

A equipa do procurador Rosário Teixeira investigou também o Banco Fiduciário Internacional (BFI), com sede em Cabo Verde, que aparece nos registos oficiais como o único acionista da Finertec. 

Segundo fonte policial, já foram constituídos três arguidos. Os factos em investigação remontam a 2006, dois anos antes da entrada em funções de Miguel Relvas. 

Na edição desta semana da VISÃO reconstituímos os meandros complexos de uma empresa, sediada em Lisboa, com ligações a Angola.

A reunião que Relvas manteve com a Ongoing, onde estava Jorge Silva Carvalho, conhecida na semana passada, puxou o fio à meada.

Ler mais: 
http://visao.sapo.pt/ex-empresa-de-relvas-sob-suspeita=f668518#ixzz1wwV7FcHO

ACTUALIZAÇÃO:

O Expresso repôs online o artigo de João Lemos Esteves desactivado durante a tarde. Ei-lo na íntegra, antes que desapareça outra vez:



A jornalista do "Público" demitiu-se: sugestão de Relvas?

A jornalista do "Público" Maria José Oliveira demitiu-se. Motivo: discordâncias sobre a forma como a direção do jornal diário conduziu o processo de divulgação da ameaça que lhe foi feita por Miguel Relvas. Avança ainda a jornalista que o jornal está a conotá-la com um programa político-ideológico, a que não se quer associar. Percebe-se a atitude da jornalista? Bom, cada pessoa, nas diversas áreas de atividade, pode sair da organização em que trabalha quando já não concorda com os princípios ou os padrões de conduta definidos pelos seus responsáveis máximos. A jornalista tem toda a liberdade para sair - não se devendo efetuar um juízo de valor sobre a sua decisão. É uma decisão pessoal de Maria José Oliveira.

Posto isto, se não temos legitimidade para julgar a decisão da jornalista em si, pelo seu lado pessoal, julgamos que temos, contudo, a obrigação de tentar analisar politicamente a decisão da jornalista do "Público". Façamo-lo, pois então.

1.º - Em primeiro lugar, mencione-se que, desde o momento em que a direção do "Público" decidiu publicar a ameaça de Miguel Relvas, coisas estranhas se passam na redação daquele jornal: o episódio da divergência pública entre o Conselho de Redação (a favor da divulgação) e a direção do jornal (contra a divulgação) ultrapassa a bizarria. É, para nós, difícil de qualificar: pela lógica das coisas,o "Público" - deveria ser o primeiros a defender - e até incentivar! - a publicação da ameaça de Miguel Relvas feita a um seu elemento da redação! Receia das consequências de afrontar diretamente o poder político. A nossa democracia é culturalmente limitada: os portugueses têm medo de falar pois sabem que o seu emprego pode estar a risco - apenas porque criticaram este ou aquele ministro. Nós ainda não conquistámos a liberdade (plena, dentro dos limites de razoabilidade) de expressão. Há um temor reverencial pelo poder político - sobretudo pelas figuras que suscitam mais dúvidas ou suspeitas, como é o caso de Miguel Relvas. Das pessoas e dos grupos empresariais: a directora do Público não quer chatear a administração, nem o grupo Sonae, que só critica Governos em momentos cirúrgicos. E através do seu Presidente Belmiro de Azevedo.

2.º - Deixemo-nos de rodeios: Miguel Relvas (sempre) exerceu uma pressão "amigável" sobre os jornalistas, que excedia largamente o admissível. Ora, esta pressão deixa marcas por muito independente que se seja. E a direcção do "Público" - como de qualquer outra publicação - sabem-no melhor que ninguém. O poder de Miguel Relvas mete medo (muito) a muitos. É temível. A jornalista do "Público" jogou pelo seguro - como outros (a maioria?) jogaria. As pessoas têm famílias para sustentar - e Portugal não é um país livre. Da censura de coronéis reformados passámos para uma censura difusa, cujo epicentro é uma malta que nasceu nas estruturas partidárias, sente-se impune e pensa que manda no mundo. A directora do Público tem, pois, medo que a sua carreira tenha um fim antecipado. É que os directores do Público passam, os jornalistas são despedidos - mas o Miguel Relvas fica sempre. Esse não desampara a loja (infelizmente para Portugal). E esse muitos cordelinhos...

3. º - A direcção do jornal "Público" tem de explicar muito bem as razões pelas quais defende a não publicação. Tem medo? Houve ameaças adicionais? E será que Maria José Oliveira saiu porque está farta, descontente com a direcção - ou porque alguém a convidou a sair, amigavelmente, senão teria outras consequências? Eu quero ver estas questões respondidas.

Em jeito de conclusão, aproveito para dizer que sei que a jornalista Maria José Oliveira era incapaz de aceitar um convite de Miguel Relvas para integrar um gabinete ministerial ou trabalhar para alguém próximo do ministro. Mesmo que Relvas convide, por razões de princípio, tenho a certeza de que a ex-jornalista do "Público" rejeitará o convite. Se, de facto, saiu devido à força das suas convicções e porque acredita e luta pela Verdade, Maria José Oliveira é hoje um símbolo da resistência nacional contra a claustrofobia democrática que se vive em Portugal, agora na versão Miguel Relvas.

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