camilos

Por Luís M. Jorge

Entre as luminárias do regime resplandecem os espíritos sempre airosos dos Camilos Lourenços. Enquanto outros encontram dificuldades, os Camilos revelam-nos em palavras simples os bons princípios da nossa salvação. Há dividas? Paguem-se. Há despesas? Cortem-se. Há défices? Ide buscar o cilício e mortificai-vos. Há desemprego? Emigrem. Há pobres? Trabalhem. Há fome? Comam brioches. Há mulheres que tentam vender os filhos nos subúrbios? Pois que baixem o preço dos mais pequenitos, a quem faltam vantagens competitivas. Há suicídios, mortes por inanição? Eis um modo elegante de reduzir as transferências sociais. Há velhos sem medicamentos? Um sério aviso para os jovens que não aderiram à Médis. Há ordenados muito baixos nas empresas? Extingam-se. Há ordenados muito altos na EDP? São as leis do mercado, nada a fazer.

O mundo dos Camilos obedece a valores testados em séculos de miséria abjecta e desespero universal. Antigamente eram feitores e capatazes, hoje são jornalistas e lideres de opinião. Os Camilos Lourenços dão imenso jeito. Todos os ricos deviam ter um.

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