hoje não se fia, amanhã sim

Por Manuel António Pina

O voto contra do PCP à adopção por casais do mesmo sexo só surpreendeu quem desconhece os problemas que causou no interior do partido o seu anterior voto favorável ao casamento homossexual.

Conservador, se não reaccionário e marialva, em matéria de "bons costumes", como descobriu Júlio Fogaça, membro do Comité Central expulso do partido por homossexualidade ("razões morais", alegou o PCP, em singular consonância com os "vícios contra a natureza" por que, na mesma altura, o Tribunal de Execução de Penas de Lisboa lhe aplicou gravosas medidas de segurança), o PCP tentou atabalhoadamente justificar o voto contra com "a necessidade de prosseguir o debate e o esclarecimento sobre a questão". Algo do género do "Hoje não se fia, amanhã sim" da "prudência construtiva" e sabidola das antigas mercearias de bairro.

Curiosamente, uns parágrafos antes de garantir que o voto contra do PCP "não significa uma posição de rejeição", o líder parlamentar comunista tinha dito: "Rejeitámos esta alteração no passado (...). É uma posição que manteremos neste debate".

A indignação que vai na Net entre militantes e simpatizantes comunistas, com acusações ao partido de ter assumido uma "postura medieval" e de o seu voto constituir "uma das formas mais abjectas de discriminação social", parece provar que será difícil ao PCP fugir a "este debate" no seu interior com a facilidade obediente e unânime com que lhe fugiu na AR.

Comentários

Anónimo disse…
O texto de MAP assenta em pressupostos errados e contém falsidades histórias, tal como aqui se explica:

http://o-companheirovasco.blogspot.com/2012/02/julio-fogaca-nao-merecia-ser-usado-como.html
Unknown disse…
No texto nada se diz sobre a actual posição do PCP em relação à adopção por homossexuais, e é disso que o texto de MAP trata afinal ...

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