de bestiais a bestas


Fala-se muito nos jovens, e com toda a razão. Jovens que ou não têm trabalho ou são obrigados a aceitar um emprego precário, mal pago, a roçar a escravidão. 

Estou totalmente solidário com estes jovens, que já deviam ter partido a loiça toda, mas hoje quero falar de outros, daqueles que um dia foram bestiais e deram em bestas quando deu jeito às empresas. Homens e mulheres de quarenta, cinquenta, sessenta anos, que deram décadas das suas vidas aos patrões. Que subiram a pulso graças às suas capacidades, à sua dedicação, à sua fidelidade. Homens e mulheres que, agora, estão no desemprego, deixaram de interessar, de bestiais passaram a bestas enquanto o diabo esfregou um olho e Deus continua a fechar os olhos aos desmandos dos pequenos deuses do dinheiro. Homens e mulheres que são substituídos por jovens que precisam de trabalhar e que aceitam ganhar uma ínfima percentagem do que as bestas ganhavam.

Homens e mulheres, a maior parte, velhos demais para encontrar colocação. Novos demais para a reforma. Muitos com filhos ainda pequenos. E que não sabem como vão viver, sustentar os seus, proporcionar-lhes uma vida digna.

O capitalismo é um sistema desumano, criado para privilegiar meia-dúzia em prejuízo da maioria. Isso já se sabia. Mas nunca, como agora, o capitalismo espalhou tanta miséria, tanta tragédia por esse mundo fora. Resta-nos a esperança. A centelha de esperança que nos dão os indignados deste mundo, os poucos que bracejam e esperneiam por eles e pelos outros. Por nós. Resta-nos a certeza de que a humanidade, nos momentos cruciais, soube lutar e melhorar as suas condições de vida.

Pedro Passos Coelho e a sua troupe são apenas refugo, escória que não passará à História, um furúnculo, uma pústula, a sarna que infesta o corpo português. Mas o pior é que a vida é curta. Queremos vivê-la. Temos esse direito. E dever.

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