não me tirem o protagonismo!



Miguel Sousa Tavares, MST daqui em diante, vem mais uma vez, no Expresso, lançar alguns vitupérios contra os escrevedores de blogues. Estou farto de gente como MST e Pacheco Pereira, que ganham a bom ganhar por opinarem o que muito bem lhes apetece e acham mal que outros, que ainda por cima não ganham nem um cêntimo com isso, o façam. Como se o direito à palavra fosse deles e só deles, uma espécie de coutada privada. Como se só eles tenham a primazia de dizer o que se deve ou não fazer, pensar ou não pensar.

A gente que escreve na net, seja nas redes sociais ou nos blogues, nem sempre propaga a verdade? Nem sempre. Nem sempre prima pela tolerância aos sentimentos e opiniões dos outros? É verdade. Recorre muitas vezes a linguagem desbragada e ofensiva? Recorre sim senhor.

Mas nisto, como em tudo, há que saber separar o trigo do joio. Eu escolho as minhas leituras. Sei quais os blogues que recorrem à linguagem digna do mais boçal dos carroceiros para achincalhar os seus alvos e os que me informam e inspiram, me fazem crescer como cidadão e ser humano. Tal como os leitores do Expresso escolherão ler MST e os da Sábado estarão atentos às opiniões de Pacheco Pereira.

Nada é perfeito na vida. As calúnias, as mentiras, a linguagem soez são um mal menor, e que podem ser desmascaradas, desmentidas, punidas, assim se queira, para termos, em troca, acesso a informação que o Expresso, a Sábado, tantos outros órgãos, se recusam a fornecer-nos. Pelas redes sociais e pelos blogues comunicamos, trocamos ideias, convocamos, discutimos, tornamos possíveis iniciativas de protesto, de alerta, de luta, de cidadania plena.

Os movimentos de revolta na Tunísia, no Egipto, na Líbia, foram impulsionados pelas redes sociais. O 12 de Março em Portugal e as acampadas de Espanha devem a sua existência às redes sociais e aos blogues (sei que MST os acha irrelevantes, entreténs de gente desocupada e fútil). Mas o que é certo é que, depois destes movimentos, nada voltará a ser como dantes. Os políticos (e, já agora, os seus escribas oficiais) acorbetados e enriquecidos pelo sistema sabem disso. Receiam-nos e tentam travar-nos. Tentam contrariar o que é já imparável.

MST foi vítima de um ou outro blogueiro mal intencionado e desonesto. Eu sei. Mas isso não lhe dá o direito de criticar, ignorando o seu lado positivo, uma das armas mais poderosas que temos, neste triste século XXI, para combater um sistema económico ávido de poder e de dinheiro, que semeia, à sua passagem, a desordem, a guerra, a pobreza, a injustiça, a desumanização, como há muito tempo se não via.

Bem pode MST usar o seu bem pago púlpito para pregar contra os livre-pensadores e pedreiros-livres do nosso tempo. Eu vou estar por cá, quer ele, quer muitos outros, queiram quer não. Vão ter que engendrar uma forma eficaz para nos conseguir calar. Uma qualquer crítica num qualquer jornal não chega. Irrita, irrita-me, mas não belisca, não demove.

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